A Tensão Política Vira Isca para Ataques de Engenharia Social
Em um cenário político e social cada vez mais polarizado, certas notícias não apenas dominam os noticiários, mas também capturam a atenção de milhões de pessoas. Recentemente, a palavra “Bolsonaro” foi digitada no campo de busca do Google mais de um milhão de vezes, um reflexo do intenso interesse público em torno de eventos como seu julgamento no STF e a expectativa por uma decisão que poderia levá-lo a ser preso. Mas, enquanto a nação acompanha cada desdobramento, um perigo invisível espreita nas sombras digitais: cibercriminosos astutos que transformam o frenesi da informação em oportunidades para aplicar golpes.

Como jornalistas investigativos do Escudo Digital, nossa missão é desvendar essas táticas e armar você com o conhecimento necessário para se proteger. Afinal, em um mundo onde a informação se espalha na velocidade da luz, a desinformação e a má-fé podem ser igualmente rápidas e devastadoras.
A Engenharia Social: A Arte da Manipulação Humana
Antes de mergulharmos nos detalhes de como notícias em alta são exploradas, é fundamental entender a principal arma dos golpistas: a engenharia social. Diferente de ataques que exploram falhas técnicas em sistemas, a engenharia social mira na vulnerabilidade humana. É a arte de manipular pessoas para que revelem informações confidenciais ou realizem ações que, de outra forma, não fariam. [1]
Os cibercriminosos são mestres em psicologia, explorando emoções como curiosidade, medo, urgência, ganância ou até mesmo a simples vontade de ajudar. Eles criam cenários críveis, disfarçam-se de entidades confiáveis e utilizam a persuasão para contornar as defesas mais robustas: o bom senso e a desconfiança natural das vítimas.
O Ouro dos Cibercriminosos: Notícias em Alta
Por que notícias como o julgamento de Bolsonaro no STF são um prato cheio para os golpistas? A resposta é simples: engajamento e emoção. Quando um tópico está em alta, as pessoas estão mais propensas a clicar em links, abrir e-mails e compartilhar informações, impulsionadas pela curiosidade ou pela necessidade de se manterem atualizadas. Essa alta demanda por informação cria um ambiente fértil para a disseminação de iscas maliciosas.
Os criminosos monitoram as tendências e os assuntos mais comentados, adaptando suas táticas para se encaixarem perfeitamente no fluxo de notícias. Eles sabem que, em momentos de grande comoção ou expectativa, a capacidade crítica das pessoas pode ser reduzida, tornando-as mais suscetíveis a truques. A notícia de uma possível decisão ou de que alguém foi preso pode gerar um senso de urgência que leva a ações impensadas. [2]
As Táticas de Ataque: Como o Golpe Acontece
Os cibercriminosos utilizam uma variedade de vetores para lançar seus ataques de engenharia social, aproveitando-se da relevância de notícias como o julgamento de Bolsonaro. Os mais comuns incluem:
1. Phishing: A Pesca Digital com Iscas Noticiosas
O phishing é, talvez, a tática mais difundida. Os golpistas enviam e-mails ou mensagens que parecem vir de fontes legítimas (veículos de notícias, órgãos governamentais, redes sociais) com manchetes sensacionalistas sobre o julgamento, a decisão do STF ou a situação de Bolsonaro. O objetivo é induzir a vítima a clicar em um link malicioso que a leva a um site falso, idêntico ao original, onde são solicitadas informações pessoais, credenciais de login ou dados bancários. [3]
Exemplos de Iscas:
- URGENTE: STF decide o futuro de Bolsonaro – Clique aqui para assistir ao vivo!”
- •”Vazou! Documentos secretos do julgamento de Bolsonaro – Baixe agora!”
- •”Bolsonaro preso? Veja as últimas notícias e a decisão do STF.”
2. Smishing (Phishing por SMS) e Vishing (Phishing por Voz):
Com a popularidade dos smartphones, os ataques de phishing se estenderam para SMS (smishing) e chamadas telefônicas (vishing). Mensagens de texto podem conter links curtos e chamativos sobre o tema em alta, enquanto chamadas podem simular serem de autoridades ou veículos de comunicação, pedindo dados ou direcionando a vítima para sites fraudulentos. [4]
3. Fake News e Desinformação:
As notícias falsas são uma ferramenta poderosa nas mãos dos cibercriminosos. Eles criam e disseminam informações completamente inventadas ou distorcidas sobre o julgamento, a decisão ou a situação de Bolsonaro, muitas vezes com o objetivo de gerar pânico, indignação ou curiosidade extrema. Essas fake news são frequentemente acompanhadas de links para sites maliciosos ou para download de arquivos infectados. [5]
4. Redes Sociais e Aplicativos de Mensagens:
Plataformas como WhatsApp, Facebook, Twitter e Instagram são ambientes propícios para a disseminação rápida de golpes. Os criminosos criam perfis falsos, grupos e comunidades que simulam ser de notícias ou de apoio a figuras políticas, compartilhando links maliciosos, vídeos falsos ou enquetes que coletam dados dos usuários. A viralização de conteúdo sensacionalista sobre o julgamento ou a possível prisão de Bolsonaro é um vetor eficaz para esses ataques. [6]
5. Malvertising (Publicidade Maliciosa):
Anúncios online em sites legítimos podem ser infectados com códigos maliciosos que redirecionam os usuários para páginas de phishing ou instalam malware automaticamente. Os criminosos compram espaços publicitários e utilizam manchetes relacionadas a notícias em alta para atrair cliques. [7]
Proteja-se: A Vigilância é Sua Melhor Defesa
Diante desse cenário, a proteção é fundamental. O Escudo Digital reforça que a vigilância e o pensamento crítico são suas maiores defesas contra esses golpes. Siga estas dicas essenciais:
- Desconfie Sempre: Se a notícia parece boa demais para ser verdade, ou se ela gera uma emoção muito forte (medo, raiva, euforia), desconfie. Cibercriminosos exploram suas emoções. [8]
- 2.Verifique a Fonte: Antes de clicar em qualquer link ou baixar um anexo, verifique a autenticidade do remetente. Passe o mouse sobre o link (sem clicar!) para ver o endereço real. Se o e-mail ou mensagem vier de um veículo de notícias, acesse o site oficial diretamente pelo navegador para confirmar a informação. [9]
- 3.Não Clique em Links Suspeitos: Evite clicar em links recebidos por e-mail, SMS ou redes sociais, mesmo que pareçam vir de contatos conhecidos. É sempre mais seguro digitar o endereço do site diretamente no navegador. [10]
- 4.Mantenha Software Atualizado: Mantenha seu sistema operacional, navegador e programas de segurança (antivírus) sempre atualizados. As atualizações frequentemente incluem correções para vulnerabilidades que podem ser exploradas por golpistas. [11]
- 5.Use Autenticação de Dois Fatores (2FA): Ative a 2FA em todas as suas contas online. Mesmo que suas credenciais sejam roubadas, a 2FA adiciona uma camada extra de segurança. [12]
- 6.Cuidado com a Urgência: Golpes de engenharia social frequentemente criam um senso de urgência para que você aja sem pensar. Se uma mensagem exige uma ação imediata sob pena de perder algo, desconfie. [13]
- 7.Eduque-se e Compartilhe: Mantenha-se informado sobre as últimas táticas de golpe e compartilhe esse conhecimento com amigos e familiares. A conscientização é uma ferramenta poderosa na luta contra o cibercrime. [14]
Conclusão: A Informação é Sua Escudo
Em um mundo digital onde a linha entre a notícia real e a manipulação pode ser tênue, a informação se torna seu maior escudo. Cibercriminosos continuarão a se aproveitar de eventos de grande repercussão, como o julgamento de Bolsonaro no STF e a expectativa por uma decisão sobre sua possível prisão, para orquestrar seus ataques. Mas, com a devida cautela e conhecimento, você pode evitar se tornar mais uma vítima.
No Escudo Digital, estamos comprometidos em trazer a verdade e as ferramentas para sua proteção. Fique atento, questione e proteja seus dados. Sua segurança digital é a nossa prioridade!
Referências:
[1] IBM. O que é engenharia social?. Disponível em: https://www.ibm.com/br-pt/think/topics/social-engineering
[2] Mobile Time. 90% dos crimes cibernéticos são de engenharia social. Disponível em: https://www.mobiletime.com.br/noticias/20/02/2025/crimes-ciberneticos-90/
[3] Infomoney. Phishing – Últimas notícias. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/tudo-sobre/phishing/
[4] GCS. Cuidado com a fraude através do SMS de phishing que simula ser de empresa de correio rápido e evitar o roubo dos dados pessoais e de cartão crédito. Disponível em: https://www.gcs.gov.mo/detail/pt/N23HbYtX3k
[5] NetLab UFRJ. Golpes online usando imagens de jornalistas e políticos. Disponível em: https://netlab.eco.ufrj.br/post/golpes-online-usando-imagens-de-jornalistas-e-pol%C3%ADticos-uma-nova-modalidade-de-crime
[6] CISOA Advisor. Phishing lidera crescimento de ameaças com 466%. Disponível em: https://www.cisoadvisor.com.br/phishing-lidera-crescimento-de-ameacas-com-466/
[7] IT Security. IA torna ataques de phishing mais sofisticados e direcionados. Disponível em: https://www.itsecurity.pt/news/news/ia-torna-ataques-de-phishing-mais-sofisticados-e-direcionados-a-dados-biometricos
[8] Acorp. Engenharia social e vazamento de dados: os golpes mais usados contra empresas em 2025 e como se proteger. Disponível em: https://acorp.com.br/engenharia-social-e-vazamento-de-dados-os-golpes-mais-usados-contra-empresas-em-2025-e-como-se-proteger/
[9] IPNews. Caso C&M expõe face oculta da engenharia social. Disponível em: https://ipnews.com.br/engenharia-social-causa-trilhoes-em-prejuizos-no-mundo-e-avanca-no-brasil/
[10] Check Point. Ataque de ransomware: ¿qué es y cómo funciona?. Disponível em: https://www.checkpoint.com/es/cyber-hub/threat-prevention/ransomware/
[11] Fortinet. Como evitar ransomware | 9 dicas. Disponível em: https://www.fortinet.com/br/resources/cyberglossary/how-to-prevent-ransomware [12] Kaspersky. Como se proteger de ransomware. Disponível em: https://www.kaspersky.com.br/resource-center/threats/how-to-prevent-ransomware
[13] Microsoft Learn. ¿Qué es el ransomware?. Disponível em: https://learn.microsoft.com/es-es/security/ransomware/human-operated-ransomware [14] Cloudflare. Como prevenir ransomware. Disponível em: